Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos, não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandescente.
Inútil seguir vizinhos,
que ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
António Gedeão
Se fosse vivo, António Gedeão, pseudónimo do poeta Rómulo de Carvalho, completaria este ano 102 anos de vida.
Ana Luísa Fernandes
Um comentário:
Decidi publicar este poema pois traduz a subjectividade com que cada um vê o mundo.
Acho que este facto é visível em relação à apreciação dos eventos realizados pela Associação de Estudantes.
"Onde uns vêem lutos e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz."
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