domingo, 23 de março de 2008

Subjectividade


Os meus olhos são uns olhos.

E é com esses olhos uns

que eu vejo no mundo escolhos

onde outros, com outros olhos, não vêem escolhos nenhuns.



Quem diz escolhos diz flores.


De tudo o mesmo se diz.


Onde uns vêem luto e dores,


uns outros descobrem cores do mais formoso matiz.



Nas ruas ou nas estradas


onde passa tanta gente,


uns vêem pedras pisadas,


mas outros gnomos e fadas


num halo resplandescente.




Inútil seguir vizinhos,


que ser depois ou ser antes.


Cada um é seus caminhos.


Onde Sancho vê moinhos


D. Quixote vê gigantes.



Vê moinhos? São moinhos.


Vê gigantes? São gigantes.





António Gedeão



Se fosse vivo, António Gedeão, pseudónimo do poeta Rómulo de Carvalho, completaria este ano 102 anos de vida.





Ana Luísa Fernandes

Um comentário:

Anônimo disse...

Decidi publicar este poema pois traduz a subjectividade com que cada um vê o mundo.
Acho que este facto é visível em relação à apreciação dos eventos realizados pela Associação de Estudantes.
"Onde uns vêem lutos e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz."